31.8.10

Não sei...

Falta-me o ar.
Dentro de mim sinto um muro a crescer a ficar resistente, cada vez mais resistente. Grito por dentro até fazer ferida e ninguém ouve, ninguém quer ouvir. Mesmo que me exalte por fora, ninguém ouve. Concentrados na comiseração, preocupados com os seus próprios sentimentos de dor, esquecendo quem leva as golpadas, movimento após movimento e cuja dor não hão-de conseguir conceber. Sinto-me sufocada com atenções que não são para me confortar mas sim a eles, aos que confortam.
O cimento é cada vez mais resistente, como se uma solitária se erguesse, não à minha volta, mas dentro, bem cá dentro, debaixo das várias camadas que demontro aos outros, quais máscaras do teatro da vida.
Não sei o que me apetece realmente.
Não sei se isto é a acalmia da tempestade e o advento da bonança, se é apenas tempo de trovoada.
Não sei pensar. Não sei sentir. Não sei estar. Não sei...

7.8.10

Retorno

Voltei. Triste, cansada, às vezes revoltada, frequentemente desacreditada de tudo. A vida não nos parece particularmente justa, enquanto à volta tudo parece alheio. Imagens de casais felizes quando não se acredita mais no amor, quando o amor é destinado a adolescentes e a películas hollywoodescas. Já tive o sonho de viver um romance arrebatador, onde me fariam sentir a única mulher à face da terra mas, agora, acredito piamente que o amor romântico não existe - nunca tive provas da sua existência e que, qual dom que Deus (ou seja no que for que se acredite) distribui, não somos todos abençoados da mesma maneira. Eu não faço parte desses abençoados. Tenho amor de pais e de amigos (poucos, mas que eu sei que estão lá). Tenho saúde. Tenho trabalho. E chega. Existo (às vezes quero ser notada, mas sou invisível). Não faço falta.
Eu peço uma existência simples, com paz e sossego mas para tal, terei de a viver sozinha. É o meu destino. Se tentar aceitar, talvez seja mais fácil...